top of page

Oriente Médio: A nova fronteira para a exportação brasileira

  • Foto do escritor: Seed Marketing Digital
    Seed Marketing Digital
  • 19 de mar. de 2024
  • 6 min de leitura

Atualizado: 25 de mai. de 2024

Artigo por Ricardo Scheinkman e Marcello Faria*

ree

A região do Oriente Médio é formada por 15 países, são eles: Turquia, Síria, Líbano, Israel, Jordânia, Egito, Arábia Saudita, Iêmen, Omã, Emirados Árabes, Bahrein, Catar, Kuwait, Iraque e Irã. Esta região sempre foi, ao longo de sua história, protagonista no cenário econômico mundial, e atualmente não é diferente. A região já foi conhecida como Crescente Fértil, já teve partes chamadas de Levante e Mesopotâmia, e já foi administrada no todo ou parcialmente por quase todos os grandes impérios da história, sendo assim, palco de definições que moldaram a evolução da economia global. 


Muitas e significativas são as diferenças entre os países do oriente médio referente ao comércio exterior e relações internacionais. Essas diferenças tornam inviável a abordagem de todos os países nesse artigo. Sendo assim, o foco do restante deste artigo estará na região com a perspectiva de maior potencial de crescimento na relação comercial com o Brasil, que são os Paises Abraâmicos.


PAÍSES ABRAÂMICOS


As relações comerciais entre o Brasil e os países abraâmicos — referindo-se geralmente a nações predominantemente ligadas às religiões monoteístas de origem abraâmica, como Israel, países do mundo árabe, Turquia e Irã — são marcadas por uma dinâmica de cooperação crescente e diversificada, centrada não apenas em setores tradicionais, mas também em investimentos em tecnologia e inovação.



ree
Relações Comerciais Brasil - Oriente Médio, participação percentual 2022 Fonte: CNBI 2022

O fluxo comercial entre Brasil e os países do Oriente Médio alcançou US$ 38,7 bilhões, sendo US$ 23,5 bilhões referentes ás exportações e US$ 15,2 referentes às importações, o saldo comercial foi superavitário para o Brasil em US$ 8,2 bilhões. Já em 2023, considerando o período de Janeiro a Outubro, o fluxo comercial entre as partes já alcançou US$ 25,2 bilhões, com saldo comercial favorável ao Brasil em US$ 8,8 bilhões.


O Brasil, com sua vasta produção agrícola e de commodities, tem sido um parceiro comercial vital para muitos países abraâmicos que dependem de importações para atender às necessidades de alimentos e energia. A exportação brasileira de soja, carne halal e açúcar, por exemplo, ocupa uma posição de destaque nas trocas comerciais com nações como a Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Egito. Por outro lado, o Brasil importa dos países abraâmicos produtos como petróleo e fertilizantes, essenciais para a manutenção de sua produção agrícola.


Além disso, o Brasil tem buscado ativamente tecnologia e investimentos, particularmente de Israel, que é reconhecido por sua inovação em setores de alta tecnologia, como tecnologia da informação, biotecnologia, e defesa. Este relacionamento é simbiótico, com Israel se beneficiando das vastas oportunidades de mercado e recursos naturais do Brasil.


Os laços culturais e diplomáticos entre o Brasil e os países abraâmicos também têm facilitado o aumento do intercâmbio comercial. O Brasil, com sua significativa população de origem libanesa e síria, possui laços históricos que têm contribuído para o fortalecimento das relações comerciais.


Contudo, as relações comerciais também são influenciadas por fatores geopolíticos e decisões políticas internacionais, o que pode levar a oscilações no comércio. Tensões políticas e conflitos em algumas regiões abraâmicas, por exemplo, podem impactar o fluxo comercial.


Em suma, o comércio entre o Brasil e os países abraâmicos é multifacetado e em expansão, com um potencial significativo para crescimento futuro, especialmente se forem superados desafios políticos e infraestruturais. A diversificação das exportações brasileiras, o aumento do investimento em tecnologia e a contínua melhoria dos laços diplomáticos podem vir a ser os pilares de uma parceria ainda mais robusta.



ISRAEL

As atividades de comércio exterior do país mostravam historicamente uma tendência de déficit comercial, principalmente devido à falta de recursos naturais, com importações significativas de petróleo, combustíveis minerais e diamantes brutos. No entanto, essa tendência tem mudado nos últimos anos. Em 2022, por exemplo, Israel apresentou um saldo comercial em de 17,16 bilhões de dólares em sua balança comercial, graças ao forte crescimento de suas exportações ligadas principalmente a tecnologia e inovação para os mais diversos setores econômicos. 


Em relação ao Brasil, a relação de comércio se mostrou equilibrada em 2022, com o Brasil apresentando um pequeno déficit em sua balança comercial. As exportações do Brasil para Israel alcançaram o valor de 1,88 bilhões de dólares americanos, enquanto as exportações de Israel para o Brasil foram ligeiramente superiores, atingindo 1,94 bilhões de dólares americanos no mesmo período. 


Importante ressaltar que os números acima representam um incremento de 130,2% no fluxo comercial dos países em comparação a 2021, refletindo um incremento de 215% das exportações brasileiras para Israel e aumento de 85,8% das importações brasileiras.


O agronegócio é o principal setor nas relações comerciais entre os dois países. O Brasil exporta principalmente produtos relacionados à agricultura e pecuária, enquanto importa de Israel produtos e tecnologias utilizadas para reduzir custos e aumentar a produtividade no campo. 


O potencial para o incremento da relação bilateral entre os dois países são muitos. Dentre eles estão o petróleo e gás, agronegócio e fertilizantes, investimentos em venture capital e private equity, energias renováveis, segurança alimentar, infraestrutura, inovação aberta e tecnologia para o setor industrial, segurança e defesa. 


ENERGIA RENOVÁVEL:

  • Investimento em Energia Solar

  • Produção de Hidrogênio 

  • Lítio: extração, processamento e fabricação de baterias

SEGURANÇA ALIMENTAR:

  • Investimentos nas cadeias produtivas e de suprimentos: grãos, carnes, frutas e café.

  • Processamento de alimentos: lácteos, carnes, frutas > Kosher

INDÚSTRIA DA DEFESA

  • Foco no setor tecnológico, desenvolvimento de produtos 

  • Munições leves


A previsão de crescimento da balança comercial entre Brasil-Israel para daqui a 5 anos, é que salte de 4 bi para 10 bilhões, dado que mostra as inúmeras oportunidades de negócios entre os 2 países. 


CONCLUSÃO


Apesar de os números da balança comercial serem representativos entre Brasil-Oriente Médio, existem ainda muitas oportunidades a serem exploradas de ambos os lados. 

A região do Oriente Médio abre possibilidades formidáveis de conexão de mercado com Israel, África Oriental, Eurásia, Europa, Índia e Sudoeste Asiático. É um verdadeiro trampolim para acesso a mercados estratégicos, com alto potencial de consumo e interesse por novas fontes de abastecimento de mercadorias e produtos. Tem contribuído para esta perspectiva, os crescentes investimentos que estão sendo feitos pelos países da região com foco na conectividade logística para comércio exterior, com grandes financiamentos em Portos, Aeroportos e serviços vinculados a esta cadeia. Só a Arábia Saudita anunciou em 2021, um programa de investimentos com este propósito na ordem de US$ 133 bilhões para entregas até o final da década (REUTERS, 2021). Segundo dados do Ministério da Economia dos Emirados Árabes Unidos, este foi o cenário de crescimento do mercado de logística nos últimos anos no âmbito dos países que compõe o Conselho de Cooperação do Golfo, importante bloco econômico regional:

 

ree
Fonte: MOEC, 2023

São também setores alvo de investimentos para modernização econômica na região, o turismo de alto luxo, com grandes complexos de lazer já consolidados ou em fase de construção acelerada, assim como, serviços derivados da cadeia. Soma-se a este cenário, a grande especialização em serviços financeiros, com grandes fundos de investimento do Oriente Médio aportando recursos em projetos greenfield ou brownfield em todo o mundo. Neste último, há para nós aqui no Brasil, grande potencial para investimentos no agronegócio e agroindústria, dado a predileção destes fundos por investimentos em projetos de segurança alimentar, de modo a trazer para sua influência garantias sólidas de abastecimento. 


E por fim, há investimentos significativos no campo da inovação high tech, especialmente para aqueles de transição energética, uma vez que é cada vez mais evidente o cenário de substituição gradativa dos combustíveis fósseis nas agendas energéticas globais. Este acelerado crescimento econômico, fica evidente no crescimento do PIB dos países da região, como pode-se ver neste levantamento do FMI com foco no ano de 2022: 


ree
Fonte: FMI, 2023 

As perspectivas de expansão da balança comercial não são apenas promissoras, mas fundamentais para o crescimento sustentável de ambas as regiões. As oportunidades de diversificação econômica e cooperação tecnológica pavimentam um caminho de prosperidade compartilhada. À medida que fortalecemos essas relações comerciais, abrimos portas para uma era de inovação e parcerias estratégicas que prometem elevar o padrão de vida do Brasil e do Oriente Médio.


Com um compromisso contínuo com o diálogo e a adaptação às novas dinâmicas do comércio mundial, estamos à beira de testemunhar uma transformação significativa no panorama do comércio exterior, que trará benefícios tangíveis para todas as nações envolvidas.



ree

Ricardo Scheinkman é Presidente da Confederação das Câmaras do Comércio Brasil - Israel e sócio da Harpia Capital. Mediador e financiador na área de tecnologia e inovação de relações entre Brasil, Estados Unidos e Israel, fundou a associação de Alumni da Universidade de Miami no Brasil, bem como o SP Innovation Summit Series. É embaixador da SP TechWeek e membro do board da Rio2C.



ree

Marcello Faria é Sócio-Diretor na Legatio International Business Consulting e Supervisor de Investimentos e Mercados na empresa Notazz.






Referências bibliográficas:


Artigo originalmente publicado na Revista Brasileira de Comércio Exterior (RBCE - Funcex), edição 157 (outubro, novembro e dezembro de 2023).


 
 
 

Comments


Contato

Rua México, 148 - Rio de Janeiro
CEP: 200.32-142

contato@cnbi.com.br

Mantenha-se informado

Email enviado com sucesso.

Siga-nos

Assine nossa News Letter para ficar por dentro
de todas as nossas novidades.

© 2022 Todos os direitos reservados por CNBI. Desenvolvido por Social Help

bottom of page